Criei
uma imagem que me devorou, eu nem sei mais o que reflete, nem sei se pode
refletir ou morreu. Matei minha poesia, matei toda a vontade que tinha de ser,
deixei morrer quem imortalizei, saltei dentro e mim de tal forma que não
consigo mais me recuperar, eu me afoguei no tempo de tal forma que minha
potência não consegue me salvar por vontade. É a solidão do café frio, daquele
quarto que nunca fomos, da cadeira de balanço vazia, das páginas manchadas pelo
tempo e das metáforas baratas, juvenis e inconsequentes. Criminosas como minhas
feridas, como minhas vísceras... Não tenho mais adjetivos, não tenho a vontade
e nem constância nos meus 20 e poucos anos.
domingo, 29 de novembro de 2015
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Diário de [re]produção: devaneio, agosto.
Eu percebi que a língua francesa não era pra mim... s’appelle,
çava çava jê t’aime, jê suis nada. Nem todo aquele academicismo barato dos vãos
e das discussões que nos levavam às merdas que eram nossas e que empesteavam os
lares humanos daquele trabalhador que não podia dar de brincar aos seus filhos
descalços no mês de julho . E nos escondíamos atrás das páginas, das soluções e
utopias da madrugada, porque simplesmente precisávamos ser, mas às vezes só
parecermos engajados, mas na verdade enjaulados, pois éramos mera reprodução...
Nosso século se mata, mas não como no “mal do século”, mas de uma eloqüência reprodutiva
e infame, que Byron nos perdoe, mas nos jogamos a matilha sem arte e os suicidas
apáticos são estatística. Nos jogamos no mundo para sermos a arte mas nos
prendemos no paradigma da reprodução do que notavelmente se é. Eu não quero, eu
me recuso e me desprendo se em algum momento me sentir um elemento nocivo de
mim, das vertentes da minha metafísica e de toda porra que é sentir, mesmo que
uma merda, mesmo que em êxtase isto sim é Ser com letra maiúscula.
Eu me rendo a cair
por esses espinhos se for real facúndia, se me desprende da utopia dos vãos e
me saúdam: eu não quero mais existir. O meu francês é fracasso, mas a minha
arte é a sedução da minha existência, pois proletarei-me-ei a ela e me desfaço
e refaço em sua criação,mesmo que improdutiva, produz e não me deixar morrer
pra reproduzir discursos de ódio saudade amor e moralidades... Sem me render,
jamais serei poesia.
Pela dor e pelo amor, que eu não reproduza o argor do mundo
que eu produza o meu argo de dor.
terça-feira, 24 de junho de 2014
kitsch
"- Ela é só uma criança, meu amor."
Eu lhe dizia tomando meu último gole do que seja lá o que
tinha naquele copo, dando o último trago e ajeitando as pernas.
Copos vazios, mas cheios das dúvidas que eu te deixei...
Ela é criança, mas não no modo de se fazer mulher. Não na
forma de se atirar ao relento sem medo de ir tarde. Ela só sorri às cores e aos
colírios, a literatura moderna stop, às palavras de Neruda em Canto Geral sem
sentido algum de ser Tupac , mas ela te sorri fraterno, porém não te leva o desassossego.
Eu sou tua cama,
mesmo que desarrumada.
Eu te espero no fim da noite quando nada mais tens a falar.
Eu sou teu lembrar em meio ao olvido da ebriedade.
Eu quero te levar pelo mundo, pelas mãos - se você quiser.
Eu sou teu kitsch mais precioso.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
É resposta, resposta imunológica de meu organismo que
escarra minha carnificina da ausência do que já nem sei o que é. É inspiração
que se vai, se torna pó que me pergunta por que estou aqui. Putrefação e fumaça
dos meus restos esquecidos por mim e tudo que seca minhas lágrimas inertes de
quem se esvai na dor do mundo. Meu organismo pulsa, repuxa meus nervos em nome
da dor, a dor de quem existe, a dor de quem o mundo infecta e adoece. O inferno
não são os outros, o inferno está em mim, nas entranhas que elevam meu
pensamento e que me deixam enquanto ser. A mesma existência que me beija os
lábios no amor e nos meus fins, me escarra a boca em seus próprios grilhões.
Ode a tua liberdade que me prende no existente estar pra existir, ode a mim,
quem te fez.
segunda-feira, 31 de março de 2014
quinta-feira, 6 de março de 2014
Sentido sintético
Eu troco os sujeitos.
Invoco milhões de vozes.
Troco as falas
E implanto o caos na poesia.
Me desfaço dos sintagmas e
me desmancho no ar da minha
própria criação que exala o pólen
diminuto
enquanto ser.
Muto as cores
Transformo os pincéis em senhores
Os pontos em retas perpendiculares
Se entrecruzando com a sinestesia
In Tecniclor.
O almíscar da nostalgia
Juntamente com o odor putrefato
Da humanidade
Lá e cá e
Na Turquia.
Eu toco as âncoras do cotidiano
Ásperas e insustentavelmente
Fazem jus a
Mim
A ti,
Assim.
Senti e
há.
Fecho, DES.
Viver é a eterna espera do desfecho. É o nó górdio que a
garganta não pôde conter. É o falso pesar de que somos aptos, natos. É o
orgulho enlatado que nos conserva na inércia humana do Não nas prateleiras do desdém.
A espera sufoca o amor mundano. Dilacera a desavergonhada
esperança do Sim. Desfaz nossas vertentes de simplicidade espontânea; não nos
resta nada além da poeira, devaneio desesperançoso que pontualmente espera para
o desfecho que é tua catarse existencial, pífia.
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